Tudo aquilo
que necessita de cura e tudo aquilo que traz a cura é levado por um movimento
diferente daquele que nos torna doentes e restringe ou encurta nossa vida.
Para onde se
dirige então o nosso olhar quando precisamos da cura?
Ele se
desloca da estreiteza de nossa consciência para uma outra amplidão. Entramos,
com nosso sentimento, em contato com aquilo que se opunha. Essa reunião conciliadora
de tudo que se excluía, é a cura no sentido amplo e profundo.
Que
sentimento é esse? É um sentimento de concordância conosco mesmos, com os
outros e com o mundo em que vivemos, tal qual ele é.
Chamo esse
movimento de movimento do espírito. Trata-se de um movimento que cura quando
nos entregamos a ele. Trata-se de um movimento que traz à luz algo novo, de
maneira curativa e espiritual, pois está em unidade máxima com tudo, da forma
que se apresenta.
Então, onde
começa a cura? Ela começa no espírito. O que em nós é alcançado primeiro por
esse movimento do espírito? Geralmente é a alma. Ele cura e purifica a alma. Às
vezes alcança diretamente o corpo.
Envolvidos
por esse movimento do espírito, concordamos com tudo o que pertence à nossa
vida desde o começo.
Concordamos
com nossa mãe e com nosso pai. Concordamos com as circunstâncias que os
reuniram. Concordamos com o seu amor, da forma que foi possível para eles.
Concordamos com a beleza e com a dificuldade que pertencem à nossa vida e
através das quais nos tornamos o que somos.
Concordamos
com aqueles que pertencem à nossa família, mesmo os excluídos e os esquecidos.
Concordamos com os que suportam um destino pesado e todos os que tiveram de
assumir algo pesado dos outros. Concordamos com as vítimas e os agressores, sem
fazer distinção entre eles.
Concordamos
com o grupo a que pertencemos com nossa família. Concordamos com a cegueira a
que foram submetidos ao considerar um ou diversos indivíduos mais importantes
que outros. Concordamos com os doentes e com os deficientes, com os que
morreram precocemente e até com os que não nasceram. Damos a todos eles um
lugar em nossa alma com amor.
Em seguida,
deixamos para trás tudo que já foi. Nossa culpa, nossos fracassos: tudo aquilo
que nos tenha machucado ou machucado aos outros.
Então se
diluem as nossas distinções convencionais entre corpo, alma e espírito.
Sentimo-nos levados, sem prever para onde esse movimento nos leva, para um
lugar diferente e novo, para onde nos sentimos sãos, curados e curadores,
preenchidos e completos, em movimento e parados, inteiros em tudo e com tudo.
BERT HELLINGER
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